Mauricio Roscoe é
engenheiro, empresário e tem se dedicado ao estudo e promoção da visão
sistêmica. Fundador e Ex-Presidente da M. ROSCOE, empresa de construção civil especializada
em obras industriais pesadas. Maurício Roscoe, que é membro da ABQ, foi
presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas
Gerais (Sinduscon-MG), da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e
da União Brasileira para a Qualidade (UBQ – MG). Foi vice-presidente da
Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) e presidente do seu Conselho
Econômico. Pertenceu aos conselhos da Fundação Cristiano Otoni, da Sociedade
Mineira de Engenheiros, do Serviço Nacional da Indústria (SENAI), da Pontifícia
Universidade de Minas Gerais (PUC MG) e da Fundação Dom Cabral.
Como você percebe os impactos e consequências do COVID
19?
Considero o COVID 19 como uma
consequência natural do desrespeito com que a humanidade vem tratando as
questões ecológicas. Nesse aspecto, assemelha-se aos furacões, secas e
enchentes. Só que, enquanto estes dizem respeito às questões climáticas e
costumam afetar regiões específicas, o Novo Coronavírus é uma questão biologia
e de natureza global.
Tenho esperança de que o
COVID 19 nos leve a perceber a necessidade de reavaliarmos nosso atual modelo
mental. A estruturação da sociedade sob a lógica do consumismo é claramente
insustentável.
A pior consequência possível seria
passarmos por tudo isso e não nos apercebermos da necessidade de uma mudança de
paradigmas.
O que fazer no curto prazo, afora as medidas já
tomadas, para atenuar o impacto econômico, empresarial e social?
Sob o ponto de vista ECONÔMICO:
É vital que mais pessoas se apercebam do conceito de Recursos Reais e que esses
sejam utilizados para produzir, em primeiro lugar, o essencial para todos. O
desemprego atual, além do desperdício do mais nobre dos Recursos Reais, é
também uma calamidade. Para otimizar a utilização dos recursos reais, o Governo
pode desenvolver mecanismos para atrair investimentos externos e mesmo emitir
títulos e moeda, mas evitar empréstimos internacionais.
Tomar dinheiro emprestado do
exterior trás quatro desvantagens: 1) Tais empréstimos têm que ser pagos com
juros 2) Os juros são flutuantes, como deveríamos ter aprendido com a alta dos
petrodólares no final da década de 70 e consequente estagflação dos anos 80. 3)
Trazem o mesmo risco de provocarem inflação que as emissões internas, se não
houver controles adequados. 4) A internalização dos dólares acarreta uma
valorização artificial do real, o que é péssimo para nosso comércio exterior.
Sob o ponto de vista
EMPRESARIAL: Participe de Associações de Classe. Lute por uma Sociedade mais
COLABORATIVA, justa e menos conflituosa. O Mercado interno tem enorme potencial
para crescer, pela via da Produtividade, Qualidade e Salários Justos. Se
você produz supérfluos, busque, com calma, outras alternativas.
Sob o ponto de vista SOCIAL:
Vamos criar juntos uma sociedade mais justa, um Mercado Interno muito maior e
mais seguro. Podemos continuar buscando os nossos próprios interesses, mas
enxergando a importância da contribuição de cada um para a evolução da
sociedade. Pratiquemos o Egoísmo, sim! Mas um Egoísmo Inteligente que nos leva
a perceber que, se o país for bem, todos teremos menos riscos e mais
oportunidades.
Como a qualidade e a gestão podem ajudar a sair da
crise?
A metodologia da Qualidade
nos ensina a utilizar a criatividade e a inteligência de todos os colaboradores
para a solução de problemas. Utilizando grupos de trabalho multidisciplinares,
focados no objetivo comum de atuar nas questões fundamentais que afligem a sociedade
neste momento, podemos criar um Mundo mais inteligente e melhor.
Sempre dizemos que o Brasil é o país do futuro. Isso pode
acontecer algum dia? Quando? Como será possível?
Claro! Será possível quando
as pessoas se aperceberem que devemos ser COMPETITIVOS apenas no sentido de
buscar melhor Qualidade e Produtividade, mas COLABORATIVOS, MOTIVADORES e
JUSTOS com todos. Quando nos apercebermos que as pessoas são o principal e
insuperável recurso! O melhor Investimento é na cultura e educação.
Que conselhos você daria a um jovem que está
trabalhando e passa a viver toda essa incerteza?
Tenha coragem e fé, pois
vivemos em um Universo Inteligente! Muito inteligente! Nada acontece por acaso!
Procure trabalhar e, também, ler, estudar, observar e refletir sempre. E
procure desenvolver o dom que Einstein chamou de Dom Divino: A INTUIÇÃO.
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