Acadêmico Jorge
Gerdau Johannpeter é atualmente membro de Grupo de Controle da
Gerdau e um dos acionistas controladores da empresa. Exerceu os cargos de CEO e
Presidente do Conselho do Grupo.
Com forte atuação na busca pela
eficiência e qualidade da gestão nos setores público e privado, é presidente do
Conselho Superior do MBC - Movimento Brasil Competitivo, presidente emérito do
Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade –PGQP e membro da Academia Internacional Qualidade
–IAQ
Nas áreas da cultura,
sociedade e educação, preside o Conselho da Fundação Iberê Camargo e o Conselho
Consultivo da Junior Achievement Brasil, além de ser integrante do Conselho da
Parceiros Voluntários e do Conselho de Fundadores do movimento Todos pela
Educação, que presidiu durante 10 anos.
Acompanhe a sua entrevista
realizada na primeira quinzena de julho, a distância.
Como
se percebe os impactos e consequências da COVID-19?
Nós temos que absorver de
forma profunda os impactos que vieram à tona por conta do Corona Vírus. Em
primeiro lugar, o COVID surgiu primeiro nas grandes cidades, em função das
desigualdades sociais que existem e que nós tão bem
conhecemos. É claro que os Governos precisam trabalhar no sentido de minimizar
essas desigualdades através de planejamentos eficazes, focando em educação e
habitação.
O
que fazer no curto prazo, afora as medidas já tomadas, para atenuar o impacto
econômico, empresarial e social?
Primeiro é importante
definir claramente os investimentos a serem priorizados para atender um
programa de atingimento de sucesso na educação, habitação, e saneamento. São
pontos decisivos para o combate às desigualdades e desajustes que existem no País.
É importante que essas metas sejam definidas para que o País todo se mobilize
nesse sentido. É preciso mobilizar investimentos privados dos bancos do sistema
financeiro e que recebam apoios semelhantes aos que a Caixa Econômica Federal
tem recebido.
Como
a qualidade e a gestão podem ajudar para a saída da crise?
É indiscutível que existe
uma deficiência na qualidade de gestão do setor público no Brasil, seja nas
esferas municipais, estaduais ou federais. Inclusive o setor de pequenas
prefeituras que não tem viabilidade econômica, deveria ser levado em conta para
um novo modelo de gestão.
Mas, em termos de gestão, o
tema não tem sido debatido com profundidade e, em minha opinião, nós temos que
ter algumas metas claras em relação ao índice de poupança e investimentos. Nós
temos investido um número ao redor de 1%, ou talvez um pouco mais, em relação
ao orçamento do setor publico. Investimento é o fator chave para o crescimento
e desenvolvimento. Sem crescimento econômico não há condições de atendimento
das demandas sociais. O processo se conecta com um índice de poupança e
investimentos em todos os níveis de Governo para que se possa atingir patamares
razoáveis a fim de atender toda a população, independentemente do nível social.
É o mínimo de dignidade que o País deve oferecer à sua população.
Nesse sentido, as
tecnologias de gestão devem exercer um papel chave. Não se trata só de gestão,
mas de Governança. São “macro
governanças” que devem ser definidas. Entendo que este tema deve ser posto
em debate público com pessoas que dispõem de competências técnicas. Exemplo. A
Índia tem um índice de poupança sobre o PIB ao redor de 26% e está com um
índice de crescimento ao redor de 6%. Nem menciono a China que tem medidas
impositivas fortes, e que talvez facilitem no processo. Mas com os números que
se apresentam hoje, a taxa de crescimento vai ser pequena. Com uma taxa de
crescimento pequena nós não atendemos o crescimento econômico e social para o
País. O crescimento social depende do crescimento econômico, consequentemente o
índice de poupança é muito importante para que se possa atender realmente a
demanda global.
Sempre
dizemos que o Brasil é o País do futuro. Isso pode acontecer algum dia? Quando?
Como será possível?
O futuro do Brasil está
diretamente relacionado a possibilidade de se conseguir definir macro políticas,
políticas de investimentos, de incentivos, em prol de benefícios para a
iniciativa privada. Não podemos deixar de considerar a confiabilidade da iniciativa
privada, confiabilidade internacional, etc.
São todos temas que acabam
se difundindo com o tema da educação. A conjugação de políticas de
investimentos com políticas de educação é que podem fazer com que o País mude
de fato.
Que
conselhos você daria a um jovem que está trabalhando e passa a viver esta
situação de crise?
As novas gerações já vem há
algum tempo se deparando com grandes desafios em relação às mudanças do mercado
de trabalho. Eu diria que com a chegada do Corona Vírus ocorreu um crescimento
de mudanças comportamentais. Eu me refiro essencialmente ao tema da TECNOLOGIA.
Antes dessa atual situação,
vinha-se indicando claramente que as evoluções e capacitações profissionais
precisariam se alinhar às novas tecnologias. Não somente pelo aspecto técnico
que as novas tecnologias propiciam, mas com as novas tecnologias ocorre uma
mudança comportamental do mercado que se modifica em todas as áreas
profissionais.
Para os jovens poderem se
ajustar a essas mudanças, é preciso que tenham formação, entendimento e
capacidade de trabalhar com as novas tecnologias. E essas tecnologias estão
sempre se modificando e de forma acelerada, não existe atividade hoje que não
esteja sendo impactada, consequentemente é preciso que haja uma capacitação
adequada a fim de que se possa utilizar novas tecnologias de maneira eficaz.
Todos nós precisamos nos capacitar em função dessas evoluções e inclusive por
formação ou maior flexibilidade a fim de se ocupar esse espaço que está sendo
propiciado. É um momento fantástico.
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