Ozires Silva
Sabemos disso e já temos as constatações em todos os momentos nos quais usamos um celular que, atualmente, não mais é somente um telefone. É algo muito mais amplo.
Não precisamos ser futurólogos para concordar que a tecnologia mudou o mundo, e que o mudará muito mais. O que pode nos preocupar é sobre quais são os caminhos que vai abrir e o que ocorrerá com nossas vidas, e as dos nossos futuros descendentes. Muitos fazem prodigiosas predições que certamente serão mudadas ou superadas, não somente no campo dos dispositivos e aparelhos, mas também nos nossos padrões e comportamentos que aprendemos desde a infância a respeitar.
Uma das primeiras manifestações do poder da tecnologia ocorreu na Primeira Revolução Industrial, que foi uma verdadeira colocação das máquinas nas nossas vidas. Como característica daquelas épocas foi o descobrimento do carvão como fonte de energia e o consequente desenvolvimento da máquina a vapor de múltiplas aplicações, quando pouco se falava da produção industrial seriada.
A partir da segunda metade do século XIX, assistimos a Segunda Revolução Industrial, que produziu uma série de progressos, dentro da indústria química, elétrica, do petróleo e do aço. Outros progressos essenciais nesse período incluem a introdução de navios metálicos movidos a vapor, o desenvolvimento do avião, a produção em massa de bens de consumo, o enlatamento de comidas e outras técnicas de preservação, sem nos esquecermos das comunicações eletromagnéticas.
A Terceira Revolução Industrial teve início na década de 1940, vindo até hoje. Este processo teve a liderança dos Estados Unidos, que se tornou uma grande potência econômica e cultural deste período. Recentemente, novas características e saltos tecnológicos emergiram, como o uso de avançados processos eletrônicos, na criação e produção da robótica produtiva e nos produtos eletrônicos e seus milhares de aplicativos.
O elenco de resultados que mudaram nossas vidas é impressionante: (1) são várias as fontes de energia e vimos aumentar, principalmente a partir da década de 1990, a preocupação com a diminuição do uso das fontes poluidoras e aumento do uso das energias limpas; (2) uso crescente de recursos da informática na produção industrial; (3) uma consequente diminuição crescente do emprego de mão de obra humana, principalmente em tarefas braçais, substituída pelas máquinas, ampliando direitos trabalhistas; (4) a globalização com produtos usando componentes fabricados em várias partes do mundo, com a distribuição de uma logística ainda não totalmente ativa; (5) um extraordinário desenvolvimento das comunicações de voz e de dados; (6) aumento da consciência ambiental.
A lista de sucessos é extensa e difícil de ser elencada. Embora os passos gigantescos que caracterizaram tais mudanças, o Brasil permanece participando com sua criatividade e capacidade inovadora abaixo da média dos países ricos, claramente confirmadas pela nossa classificação pouco significativa no ranking internacional em praticamente todos os setores.
Precisamos mudar nossos processos gerenciais do país, com ênfase no sistema educacional, para que no futuro possamos entrar vigorosamente nesse festival de realizações que empolga o mundo competitivo, competente e global da atualidade. Urge que nossas lideranças assumam o comando de uma revolução positiva na forma de governar e administrar nosso país-continente, catalisando as ações da sociedade para ganhar eficiência e eficácia para competir e vencer nessa renhida luta pelo sucesso mundial. Nossa população merece!
Ozires Silva é reitor da Unimonte e presidente do Conselho de Administração da Anima Educação e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ). Já ocupou a presidência de empresas como Petrobras e Embraer.