Jairo Martins
O próximo ano traz grandes desafios às micro e pequenas empresas e a busca pela produtividade é imprescindível para que consigamos fazer mais com menos recursos. O sucesso só será possível por meio de uma gestão consciente e focada em boas práticas e na dedicação de cada parte interessada. Arrisco dizer, até, que o impossível, no mundo corporativo e cooperativo, não existe quando toda gestão está alicerçada em um planejamento consistente, em processos estruturados, em pessoas capacitadas e em uma liderança transformadora.
A Fundação Nacional da Qualidade ajuda a aumentar a longevidade das MPE, investindo na melhoria contínua das práticas de gestão e da governança. Percebemos que a grande questão que assolará todas as empresas, em 2016, é como elas poderão avaliar os seus processos e melhorar a produtividade. Aumentar a produtividade é produzir mais com menos e isso exige trabalho, atenção, dedicação, análise, enfim uma quantidade de ações que permitem mudar. Não existe caminho curto, os processos precisam ser bem definidos, contando com o envolvimento de todos, num abrangente trabalho colaborativo.
Por que não adianta apenas aumentar a carga de trabalho? O ano tem em média 2.112 horas de trabalho, ou seja, 8 horas úteis no dia, 22 dias úteis no mês e 12 meses no ano. Todos têm limites e a produtividade não está ligada a quantidade de horas trabalhadas e sim a qualidade do que é feito, ou seja, das entregas. Portanto, aumentar a carga de trabalho é forçar o colaborador a errar, ou pior, a entregar algo sem qualidade e em algum momento alguém terá que refazer o trabalho dessa pessoa. Portanto, a regra é: faça certo da primeira vez.
O próximo ano será um ano de limites. O maior desafio das empresas nesse aspecto será ter coragem para enfrentar os acertos e erros que as mudanças trarão, para aumentar a produtividade. O empecilho é fazer com que as pessoas saiam da zona de conforto e tentem mudar seus processos, otimizando-os. Ferramentas podem ajudar a melhorar a produtividade, mas essas muitas vezes, se não forem compreendidas e bem utilizadas, acabam sendo responsáveis por eventuais perdas de tempo, que são um dos principais obstáculos para quem quer ser mais produtivo.
Os líderes terão papel fundamental, criando um ambiente propício ao questionamento e a mudanças, analisando com a equipe o que pode ser mudado e melhorado. Caberá a eles revisar os processos e retirar as tarefas que não são importantes. Se alguém faz um relatório, mas ninguém está lendo. Pare de fazê-lo. É muito importante ter a coragem para realizar essas mudanças e quebras de paradigmas. Os líderes têm a obrigação de direcionar os colaboradores para a execução certa das atividades certas.
Depois de alterar os processos, avaliar a eficiência é imprescindível. Esse processo tem que ser constante, não se pode esperar a crise para agir, é preciso fazê-lo sempre. Dá trabalho, mas também dá resultado. Além disso, o colaborador tem que se sentir parte, tanto do problema quanto da solução. Então, deve-se recompensá-lo por seu engajamento e boas ideias, com reconhecimento, dias de folga ou prêmios em dinheiro, quando o momento permite.
Não tenho dúvidas de que, em um cenário de crise como o do nosso País, no momento, as MPE representam a mola propulsora dos negócios e da economia, pois há muito tempo a tendência que se firma é a do empreendedorismo e do que tem sido feito, por todos os empresários em seus investimentos. Não há espaço para o individualismo. O resultado de uma empresa mais produtiva e colaborativa é o que torna o País mais competitivo, como diz o provérbio chinês: “Se você quer manter limpa a sua cidade, comece varrendo a frente da sua casa”.
Jairo Martins é presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ).