Um guia para a utilização das técnicas estatísticas

Gerd Altmann / Pixabay

Hayrton Rodrigues do Prado Filho

 

A estatística é uma ferramenta empregada em vários setores, inclusive o industrial, para medir a variabilidade existente em quaisquer processos. Para tanto, utilizam-se de técnicas estatísticas como o Controle Estatístico de Processo (CEP), Modelos de Regressão, Delineamento de experimentos, ou simples técnicas descritivas.

O uso de técnicas estatísticas nas empresas tem como objetivos reduzir custos e aumentar a competitividade no mercado. Tais técnicas permitem que, por meio de pequenas amostras, há a possibilidade de se interferir no comportamento do lote em produção, tomando as ações que evitem a ocorrência de problemas, através da prevenção. Qualquer processo de produção está sujeito à variação, por mais que o processo seja perfeito.

Um produto ou serviço sempre esta sujeito à variabilidade. No Controle Estatístico de Qualidade, a variabilidade tem causas aleatórias, inerentes ao processo (ou comuns) e causas especiais (ou identificáveis) que podem ser identificadas.

Quando o processo é dito sob controle estatístico, ele opera apenas sob as causas inerentes, que são causas essencialmente inevitáveis, as quais pouco ou nada se pode fazer para eliminar. Quando o processo é dito estar fora de controle estatístico, ele opera sob causas especiais (ou identificáveis). Essas causas devem ser descobertas e corrigidas para que o processo volte ao controle.

As causas especiais podem ocorrer devido a: mão de obra, método de trabalho, matéria prima, máquinas, meio ambiente e meios de medição,o qual foi conhecido como 6M. A falta de treinamento de funcionários, a falta de ajuste ou lubrificação da máquina são exemplos de causas especiais. Convém ressaltar que existe o erro de afirmar-se que o processo está sob controle, quando ele não está e vice-versa.

Um dos objetivos principais do Controle Estatístico de Qualidade é detectar as causas especiais, investigar e aplicar ações para correção, para que o processo não produza produtos fora das especificações acima do previsto. O objetivo é a eliminação da variabilidade (ou de quase toda) no processo.

Para detectar causas especiais utilizasse a carta de controle. As cartas de controle são compostas de três linhas paralelas, a linha central (LC), o limite superior de controle (LSC) e o limite inferior de controle (LIC). Esses limites devem estar dentro dos limites de especificação de engenharia.

Os limites das cartas de controle são determinados com base na média e no desvio padrão da distribuição da característica de qualidade da variável quando o processo está isento de causas especiais, isto é, as medidas individuais são provenientes de uma mesma população. A teoria estatística desenvolvida por Shewhart para cálculos do limites de controle, para uma estatística W qualquer, com distribuição normal, é calculada a partir dos valores amostrais, e que tenha média μ(w) e desvio padrão s(w) conhecidos, terá uma probabilidade próxima a um de estar no intervalo de μ(w) ± 3s(w),

Uma importante ferramenta para os gestores e administradores é a norma ABNT ISO/TR 10017, que é um guia sobre as técnicas estatísticas, ou seja, um relatório técnico para auxiliar as organizações a identificar técnicas estatísticas úteis em desenvolvimento, implementação, manutenção e melhoria do sistema de gestão da qualidade, de acordo com os requisitos da ABNT NBR ISO 9001. Nesse contexto, a utilidade das técnicas estatísticas segue a variabilidade observada no comportamento e na realização de praticamente todos os processos, mesmo sob condições de uma estabilidade aparente.

Na verdade, as técnicas estatísticas ajudam na medição e na análise das variações, auxiliando as organizações a identificar técnicas estatísticas úteis em desenvolvimento, implementação, manutenção e melhoria do sistema de gestão da qualidade, de acordo com os requisitos da NBR ISO 9001. Nesse contexto, a utilidade das técnicas estatísticas segue a variabilidade observada no comportamento e na realização de praticamente todos os processos, mesmo sob condições de uma estabilidade aparente.

Essa variabilidade pode ser observada nas características quantificáveis de produtos e processos, assim como em vários estágios do ciclo de vida total de produtos, desde a pesquisa de mercado até o serviço ao consumidor e a sua disposição final. As técnicas estatísticas ajudam na medição, descrição, análise, interpretação e modelagem dessas variações, mesmo com uma quantidade de dados limitada.

A análise estatística destes dados ajuda a formar uma compreensão melhor da natureza, da extensão e das causas da variabilidade. Isso pode ajudar a solucionar e até mesmo prevenir problemas que podem surgir da variabilidade.

As técnicas estatísticas permitem, portanto, melhor utilização dos dados disponíveis na tomada de decisões, e, assim, auxiliam a melhoria contínua da qualidade de produtos e processos, para alcançar a satisfação do cliente. Essas técnicas são relevantes a um amplo espectro de atividades, como pesquisa de mercado, projeto, desenvolvimento, produção, verificação, instalação e fornecimento.

Dessa forma, o relatório técnico pretende guiar e auxiliar as organizações a considerar e selecionar técnicas estatísticas apropriadas às necessidades da organização. O critério para determinar a necessidade de técnicas estatísticas e a pertinência da técnica selecionada permanece uma prerrogativa da organização. A necessidade de dados quantitativos que pode ser razoavelmente associada com a implementação das seções e subseções da NBR ISO 9001 é identificada em uma tabela.

Uma ou mais técnicas estatísticas que poderiam ser um beneficio potencial à organização acham-se listadas junto com a necessidade de dados quantitativos identificadas quando apropriadamente aplicadas a tais dados. Importante observar que as técnicas estatísticas podem ser apropriadamente aplicadas aos dados qualitativos se tais dados puderem ser convertidos em quantitativos. Nenhuma técnica estatística é relacionada onde não existir uma necessidade de dados quantitativos imediatamente relacionada com uma seção ou subseção da NBR ISO 9001.As técnicas estatísticas citadas são limitadas àquelas amplamente conhecidas.

Cada uma das técnicas estatísticas relacionadas está descrita sumariamente na seção 4, para ajudar a organização a avaliar a pertinência e o valor das técnicas estatísticas citadas e ajudar a determinar se a organização deveria usá-las ou não em um contexto específico. As seguintes técnicas estatísticas, ou famílias de técnicas, que poderiam auxiliar uma organização a satisfazer suas necessidades, são identificadas na tabela citada: estatística descritiva; projetos de experimentos; ensaios de hipóteses; análise de medições; análise de capacidade do processo; análise de regressão; análise de confiabilidade; amostragem; simulação; gráficos de controle estatístico do processo (CEP); tolerância estatística; análise de séries históricas.

Entre as várias técnicas estatísticas relacionadas, cabe notar que a estatística descritiva (que inclui métodos gráficos) constitui um aspecto importante de muitas dessas técnicas. Os critérios usados na seleção das técnicas relacionadas acima são que estas técnicas sejam bem conhecidas e amplamente utilizadas, e que sua aplicação tenha resultado em benefícios dos usuários.

A escolha da técnica e a maneira de sua aplicação dependerão das circunstâncias e do propósito do exercício, que diferirá caso a caso. Encontra-se em 4.2 a 4.13 uma breve descrição de cada uma das técnicas estatísticas, ou família de técnicas. As descrições procuram auxiliar um leitor comum a avaliar a aplicabilidade e os benefícios potenciais do uso de técnicas estatísticas na implementação dos requisitos de um sistema de gestão da qualidade.

A real aplicação de técnicas estatísticas citadas aqui exigirá mais orientação e conhecimento que os fornecidos nesse relatório técnico. Existe uma grande quantidade de informações sobre técnicas estatísticas disponíveis e ao alcance do público, como livros, revistas, relatórios, manuais de indústrias e outras fontes de informação, que podem auxiliar a organização no uso eficaz de técnicas estatísticas. No entanto, o escopo deste não inclui a citação dessas fontes e, portanto, a pesquisa deste tipo de informações será delegada à iniciativa individual.

 

Hayrton Rodrigues do Prado Filho é jornalista profissional, editor da revista digital Banas Qualidade e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ) – hayrton@hayrtonprado.jor.br

Este artigo expressa a opinião dos Autores e não de suas organizações.

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