Como criar organizações comprometidas com o futuro

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Jairo Martins

Não há como negar que o modelo econômico atual, baseado em cortar, cavar e queimar, está nos seus últimos dias. A população mundial cresce exponencialmente enquanto os recursos naturais são finitos. Chegamos à “era dos limites”. Consumir menos, reutilizar sempre e compartilhar mais. Essa é a ideia central da economia colaborativa.

O tema tem ganhado espaço e evidência, impactando na mudança de comportamento das pessoas em relação aos padrões de consumo. Uma frase interessante do economista norte-americano Jeremy Rifkin cita que “enquanto o mercado capitalista baseia-se no interesse próprio e é guiado pelo ganho material, os bens comuns sociais são motivados por interesses colaborativos e guiados por um profundo desejo de se conectar com os outros e de compartilhar”.

Um novo modelo econômico está silenciosamente se configurando. Em futuro próximo, as empresas que não atuam de forma colaborativa estão fadadas a perder grandes fatias do mercado. Somente prestar serviços ou produzir produtos não é suficiente para atender às necessidades dos consumidores. Eles buscam mais.

O assunto, dentro das organizações, está se tornando tão importante que é utilizado como recurso para melhoria da produtividade. Um grande exemplo dessa prática é o projeto Cocriando, da Natura, que possui uma plataforma online de colaboração e cocriação. É um espaço onde consumidores, consultores e colaboradores podem construir, juntos, novas ideias, novos conceitos e modelos de produtos e serviços.

Três pilares sustentam o modelo de economia colaborativa: pessoas, tecnologia e sustentabilidade. Por isso, empresas que atendem às necessidades das pessoas, em um ambiente de limites, por meio de serviços locados em plataformas digitais, como a Airbnb e o Uber, já são consideradas novos modelos de negócio. Porém, é importante relembrar que tais movimentos disruptivos têm sido alvo de protestos e vêm enfrentando impasses na legalização de suas operações.

A era do capitalismo tradicional, caracterizado pelo consumo desmedido, pela ostentação e pelo descaso com o meio ambiente, saturou o modelo econômico atual. Voltamos à antiga era do “escambo” – porém, com respaldo da tecnologia, que nos possibilita a troca de forma muito mais abrangente, justa e consciente.

Com mais pessoas compartilhando, trocando informações e experiências, estamos criando uma nova era: a economia colaborativa – cada vez mais presente no mundo contemporâneo. Afinal, todos podem viver e consumir de forma mais consciente, olhando para o bem-estar das futuras gerações.

 

Jairo Martins é presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ).

Este artigo expressa a opinião dos Autores e não de suas organizações.

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