Hayrton Rodrigues do Prado Filho
Os EUA perderam o status de a economia mais competitiva do mundo depois de ser ultrapassada pela China Hong Kong e pela Suíça, conforme dados divulgados pelo IMD World Competitiveness Center. O poder absoluto da economia dos EUA já não é suficiente para mantê-lo no topo do World Competitiveness Ranking, o que aconteceu nos últimos três anos.
A edição de 2016 classifica a China Hong Kong em primeiro lugar, a Suíça em segundo e em terceiro os EUA, com Singapura, Suécia, Dinamarca, Irlanda, Países Baixos, Noruega e Canadá completando o top 10. O professor Arturo Bris, diretor do IMD World Competitiveness Center, explicou que um compromisso consistente para um ambiente de negócios favorável foi fundamental para a ascensão da China Hong Kong e que o tamanho da Suíça e sua ênfase no compromisso com a qualidade permitiram que o país ficasse com a sua economia no topo.
“Os EUA ainda apresentaram o melhor desempenho econômico no mundo, mas há muitos outros fatores que levamos em conta ao avaliar a competitividade”, disse. “O padrão comum entre todos os países no top 20 é o seu foco sobre a regulação ideal para negócios, infraestrutura física e imaterial, e instituições inclusivas”.
A China Hong Kong estimula muito a inovação através de uma baixa e simples forma de tributação e não impõe restrições sobre o capital que flua para dentro ou para fora do território. Também oferece uma porta de entrada para o investimento estrangeiro direto na China continental, a mais nova superpotência econômica do mundo, e permite que as empresas tenham acesso aos mercados globais.
Mesmo com o desempenho da China Hong Kong e de Cingapura, no entanto, revelou a pesquisa, mostrou que a competitividade da Ásia diminuiu acentuadamente em termos globais desde a publicação do ranking do ano passado. Taiwan, Malásia, Coreia do Sul e Indonésia sofreram quedas significativas de seus posições de 2015, enquanto a China Continental diminuiu apenas um pouco mantendo o seu lugar no top 25.
O estudo revelou alguns dos avanços mais impressionantes da Europa conquistados pelos países orientais, como a Letônia, a República Eslovaca e Eslovênia. As economias da Europa ocidental também continuou a melhorar, sendo que os pesquisadores destacaram a contínua recuperação financeira, depois da crise do setor público europeu.
O Chile, na posição 36, foi o único país latino-americano fora da parte inferior 20, enquanto a Argentina, em 55, é o único país da região a ter melhorado a sua posição de 2015. Deve ser destacado que cada classificação é baseada na análise de mais de 340 critérios derivados de quatro principais fatores: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura.
As respostas de uma pesquisa em profundidade com mais de 5.400 executivos de negócios, que são convidados a avaliar a situação em seus próprios países, também são levadas em consideração. “Um fato importante que a classificação torna clara ano após ano é que o crescimento econômico atual não é, de nenhuma maneira, uma garantia de competitividade futura. As nações tão diferentes como a China e o Qatar saem muito bem em termos de desempenho econômico, mas eles continuam fracos em outros pilares como a eficiência e a infraestrutura de governo”, assegura o professor Bris. “Desde 1995, o mundo tornou-se cada vez mais desigual em termos de diferenças de renda entre os países, embora a taxa de crescimento esteja diminuindo”, acrescenta ele.
Para o professor, a riqueza dos países mais ricos tem crescido a cada ano, enquanto os países mais pobres estão tendo alguma melhoria das condições de vida neste milênio. “Infelizmente, o problema para muitos países é que a acumulação de riqueza dos ricos não deu quaisquer benefícios para os pobres na ausência de redes de segurança social adequada. O crescimento econômico, orientado para a inovação nos países mais pobres, melhora a competitividade, mas também aumenta a desigualdade. Este é, obviamente, um problema que exige atenção a longo prazo”.
Já o Brasil está na posição 57 em termos de competitividade e tem muitos desafios para vencer:
– Crise política: escândalos de corrupção, governabilidade frágil e ausência de uma responsabilidade política;
– Recessão econômica: a inflação crescente e as taxas de desemprego nas alturas, juntamente com o crescimento negativo do PIB;
– Desequilíbrio fiscal, a necessidade de impostos e reformas na seguridade social;
– Falta de confiança na economia dos investidores estrangeiros e domésticos;
– Investimentos insuficientes na área da saúde e saneamento básico, acarretando riscos epidêmicos com os surtos de dengue e zika.