Por que Prêmios da Qualidade?

B. V. Dagnino

 

Porque prêmios da qualidade, ou melhor prêmios à qualidade, ou melhor ainda, prêmios à excelência incentivam e estimulam países a aumentar sua competitividade. Foi assim no Japão, onde o Prêmio Deming foi instituído por iniciativa do empresariado e do governo, na década de 50.

Naquele tempo os produtos nipônicos eram baratos e de baixa qualidade, e a nação se conscientizou de que esse não era o caminho certo. A criação de modelo por especialistas que identificaram as melhores práticas das empresas daquele país e a criação do Prêmio foram os passos seguintes.

Homenageando um especialista americano que muito contribuiu para a reconstrução nacional logo após a 2ª Guerra Mundial, esse modelo era bastante prescritivo, com ênfase na estatística. O objetivo era contaminar, no bom sentido, os diversos ramos industriais, à medida que suas empresas fossem reconhecidas com o Prêmio. O resultado, em termos de reviravolta no cenário mundial , todos nós conhecemos.

Na França, o vídeo institucional do Mouvement Français pour la Qualité (MFQ), incluía entrevista com Monsieur Fortou, ex-Pdg da Rhone-Poulenc. Nela ele enfatiza que o Prix Français de la Qualité foi criado quando pesquisa internacional detetou que o produto francês era visto como o de pior qualidade dentre aqueles dos países desenvolvidos. Um esforço gigantesco do MFQ e do Ministério da Indústria e do Comércio Exterior resultou num prêmio regionalizado, simples, apenas para pequenas e médias empresas, com um diferencial inovador: é o único que oferece prêmio em dinheiro às vencedoras. Posteriormente a França decidiu adotar, como a maioria dos países europeus, o modelo da EFQM, então European Foundation for Quality Management, com premiação para organizações de qualquer porte.

Já na Suécia, o Dr. Johnny Lindström, presidente do Swedish Institute for Quality (SIQ), declarou: foi a queda da competitividade sueca que deflagrou a criação do Prêmio naquele país. Único prêmio europeu que não adotou inicialmente o modelo preconizado pela EFQM, pois preferiu-se originalmente usar uma versão simplificada do modelo Baldrige americano.

Em 1988 os americanos, pressionados pelo avanço japonês, criaram o seu National Quality Award, que recebeu o nome de Malcolm Baldrige. Em relação ao modelo japonês, foram introduzidas duas importantes alterações: a existência de uma pontuação para cada Item dos Critérios, e a retirada de qualquer critério prescritivo. Pesquisas demonstraram que as empresas premiadas têm, em média, desempenho muito melhor do que as demais (o resultado decorreu de comparação de um portfolio de ações dessas empresas com o índice Standard and Poors da Bolsa de Nova York).

Em 1992 surgiu o Prêmio Europeu da Qualidade, por iniciativa da EFQM, criada por algumas dezenas de empresas do continente lideradas pela Philips. Seus critérios foram projetados para o século XXI, incluindo requisitos inovadores, como por exemplo resultados financeiros e relativos à sociedade.

No Brasil começamos com a criação da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) em 1991, por iniciativa da American Chamber of Commerce de São Paulo. Hoje em dia ele se multiplicou na maioria dos estados (BA, RJ, RS e SE) e setorialmente (ABRAPP, ANTP, governo federal, etc.). Seguimos o modelo americano com pequenas modificações, que se acentuaram em 2001, e que hoje em dia é considerado em nível de padrão mundial.

Pelo mundo afora, são mais de 50 prêmios nacionais, com seus filhotes estaduais, provinciais ou regionais e setoriais, inclusive na educação e na saúde. Sua contribuição maior é no entanto a introdução nas organizações, de qualquer natureza, ramo ou porte, da autoavaliação voltada para a melhoria contínua. A participação de todos os colaboradores e a liderança do processo pela direção são considerados fundamentais para o sucesso.

 

B.V. Dagnino é vice presidente da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ), fellow pela ASQ (EUA), fellow & CQP pelo CQI (Reino Unido) e diretor técnico da Qualifactory Consultoria – dagnino@uol.com.br

Este artigo expressa a opinião dos Autores e não de suas organizações.

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