Os resultados da II Pesquisa sobre Qualidade, Normalização e Metrologia ABQ/Target

A Academia Brasileira da Qualidade (https://www.abqualidade.org.br/) e a Target (www.target.com.br) realizaram a II Pesquisa sobre Qualidade, Normalização e Metrologia ABQ/Target e os seus resultados foram apresentados no III Seminário ABQ Qualidade Século XXI, no dia 10 de novembro de 2016, Dia Mundial da Qualidade, na Fiesp, em São Paulo. Atualmente, existem várias exigências mais rigorosas impostas para se comprovar a qualidade de produtos e serviços, viabilizando a inserção competitiva no mercado global de alguns países sem competitividade.

Para isto torna-se imprescindível a existência de uma infraestrutura de qualidade, normalização e metrologia como base para a avaliação da conformidade e cumprimento das normas técnicas, o que fornece suporte à atividade produtiva do país. A qualidade, a normalização e a metrologia formam um tripé que fornece subsídios à indústria e ao comércio nacional para buscarem o reconhecimento internacional em direção ao que se denomina de atuação competitiva global.

Uma só norma, um só ensaio, aceitos universalmente, ou seja, um certificado com base em norma internacional e aceito em qualquer lugar. Esta é a estratégia adotada pelos países para intensificar sua participação no comércio internacional. Graças aos esforços da Organização Mundial do Comércio (OMC), que coordena acordos de barreiras técnicas e se beneficia de acordos de reconhecimento mútuo, o comércio internacional cresceu de forma expressiva.

O conceito de qualidade precisa, novamente, se incorporar no cotidiano da sociedade brasileira. Além disso, a metrologia e a normalização são atividades que provêm base técnica para os sistemas de garantia da qualidade. A lógica que orienta esse processo é a seguinte: se o que importa nas transações comerciais é a qualidade de produtos e serviços, há para isso o aparato de avaliação e certificação da conformidade, operando com respaldo nos laboratórios de ensaios. Essa estrutura fundamenta-se em normas técnicas e regulamentos técnicos que, por sua vez, fundamentam-se na metrologia.

Para se ter uma ideia do alcance de decisões tomadas nessas áreas, basta imaginar que a exigência de um aumento na exatidão (diminuição do nível de incerteza) das medições por parte de um país comprador (ditadas por razões técnicas ou mesmo políticas) pode alijar um país fornecedor da competição por mercados. Essa mesma lógica pode alijar do mercado empresa e organizações que não conseguem atualizar suas melhores capacidades de medição quando da implantação de novas técnicas de medição resultantes da introdução de padrões metrológicos de melhor exatidão.

Por isso, foi feita essa II Pesquisa ABQ/Target. Utilizando a ferramenta de pesquisa SurveyMonkey, o link da pesquisa foi disponibilizado para o mundo técnico de diversas maneiras. O perfil dos respondentes correspondeu a 71% de pessoas de empresas industriais, o que corresponde a 95% do PIB industrial do país. Ao se obter 1.015 respostas, o nível de disponibilizar o link diminuiu e as respostas e seus resultados se estabilizaram. Assim, obteve-se mais de 30.000 respostas, o que há de convier é bastante participativo no mundo técnico.

Qual o nível de empenho das empresas brasileiras, em geral, em oferecer produtos e serviços de qualidade?

 

Por que os brasileiros acham que os produtos dos países do Primeiro Mundo são melhores do que os nacionais? (assinale todas as opções aplicáveis)

A inovação e o custo/benefício parecem ser a percepção mais apontada pelos respondentes. Hoje, a inovação é mais que uma vantagem competitiva – ela é uma das principais alavancas do crescimento e do valor das empresas. Muitos gestores acreditam que a inovação é essencial para atingir os objetivos estratégicos, mas que poucos estão satisfeitos com seu desempenho atual.

Como você percebe a qualidade dos serviços públicos no Brasil na área da saúde?

Como no ano passado, a gestão pública em todas as áreas atinge níveis horríveis, e o Estado precisa urgentemente fazer a diminuição do Custo Brasil, simplificação do sistema tributário, redução dos spreads e juros escorchantes que são cobrados das empresas e a melhoria da infraestrutura brasileira, com o destravamento das concessões públicas, etc. Somente assim poder-se-á ver um pouco de luz no final do túnel.

Como você percebe o nível da formação da mão de obra brasileira em relação às reais necessidades das organizações?

As respostas parecem indicar que a mão de obra nacional é regular, o que não é bom. A escassez de mão de obra qualificada prejudica a competitividade, uma vez que, devido à falta de qualificação, a busca de eficiência e a redução de desperdício acabam sendo as atividades mais prejudicadas nas empresas, o que resulta em potenciais problemas de qualidade, custos mais elevados e lucros menores.

Qual a importância da norma técnica dentro de sua organização e como você classifica seus benefícios?

Mais de 70% dos respondentes acham imprescindível, alto e muito alto o uso das normas técnicas. Pode ser que falte ainda no país uma popularização maior da norma técnica, ou seja, transformá-la em um produto de consumo. Acreditar na qualidade dos produtos ou serviços é provavelmente uma das razões chave da existência de consumidores para esses produtos ou serviços. Quando o consumidor descobre que a empresa utiliza normas há o aumento da confiança em seus produtos ou serviços. Além do que a utilização de certas normas agrega valor à imagem corporativa.

Sua organização participou da elaboração/votação de alguma norma nos últimos cinco anos?

O NÃO ganhou de lavada, o que é um problema de calamidade nacional. O processo de normalização visa à consecução de normas com clareza irrepreensível e que assegurem que o sistema fará certo, logo da primeira vez, sem erros, cumprindo os requisitos e padrões estabelecidos. Esse processo contribui para que a tarefa de pessoas e máquinas envolvidas na produção seja simplificada e facilitada, resultando produtos e serviços competitivos e de qualidade garantida. Tudo isso com o propósito de satisfazer as expectativas de demanda do mercado consumidor e as demandas ambientais impostas pela sociedade.

Enfim, nos últimos anos, a competitividade brasileira foi afetada pela deterioração de fatores considerados básicos para a competitividade, como ambiente econômico, desenvolvimento do mercado financeiro e, principalmente, capacidade de inovação. Ou seja, é necessário que o país faça a sua lição de casa: reformas estruturais, melhorar a gestão pública, simplificar o marco regulatório, e modernizar a legislação trabalhista e previdenciária.

Feito isso, pode-se conseguir uma maior inserção internacional; espaço para o investimento privado; a internacionalização das empresas brasileiras; nova pauta de inovação tecnológica; e simplificação e modernização dos marcos regulatórios.

O resultado da pesquisa mostrou que a capacitação dos empregados, ouvir o cliente, sistema de gestão da qualidade e ética foram os itens prioritários para que se melhore a qualidade dos produtos e serviços no Brasil, em se tratando de empresas privadas.

Esses temas estão relacionados com a melhoria contínua das empresas que deve ser o conjunto de atividades planejadas através das quais todas as partes da organização objetivam aumentar a satisfação do cliente, tanto para os clientes internos quanto externos. É preciso melhorar se a empresa quiser manter a sua parcela de mercado.

Quanto à melhora da qualidade dos serviços públicos no Brasil, os respondentes apontaram como prioritários alguns temas: ética, menor interferência política nos cargos, focar de fato as necessidades do contribuinte/cliente daquele serviço e gestão profissional dos dirigentes parecem ser os recados para a melhoria da gestão pública. Os desafios são imensos, aliados à vontade política, liderança, honestidade de propósitos e amplo esclarecimento da população para, no médio prazo, se obter melhores resultados.

Este artigo expressa a opinião dos Autores e não de suas organizações.

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