Democracia, espírito republicano e qualidade

Eduardo Vieira da Costa Guaragna*

 

Hoje mais do que nunca vemos duas palavras desgastadas que têm servido de justificativas e argumentações no meio político, quando desejam algo, a qualquer custo: democracia e espírito republicano.

Democracia é o mais bem-sucedido regime político, colocando o povo no poder, através do voto, elegendo seus representantes. Os cidadãos têm os direitos definidos e os deveres de participar no sistema político que deve proteger os direitos e a liberdade desses cidadãos, sob suas diversas formas. República é o que é público, o que é de todos. Governos foram criados para administrar o que é de todos. O espírito republicano está em administrar bem, cumprir este papel de forma apropriada ao bem comum, sem vantagens pessoais, partidárias ou a qualquer titulo. Vivemos numa democracia republicana, porém com muitas lacunas.

E a qualidade onde se insere nisso? A qualidade na sua essência está em servir, em atender as necessidades e expectativas do cliente, do consumidor. A democracia requer qualidade para a sua plenitude, pois a sociedade, os cidadãos são o seu propósito.

Muitas lacunas hoje posicionam mal a democracia e o espírito republicano. Vejamos algumas graves:- é esperado em uma democracia republicana que haja disparidade absurda entre as aposentadorias da iniciativa privada e dos órgãos dos três poderes? Quem produz neste país? Quem gera riqueza? É mais de 12 vezes a diferença!

É esperado que os serviços fundamentais aos cidadãos (segurança, saúde e educação) estejam caindo de padrão ano após ano e o governo mantenha a sua estrutura de custos elevada, sem qualquer menção de melhorar a eficiência?

Onde está o governo para o povo? É esperado que o bem público seja descaradamente utilizado como fonte de riqueza a políticos que detém o poder sobre eles? Todo dia salta aos olhos a corrupção que parece não ter fim. Onde está o espírito republicano? É esperado que se tenha uma verba absurda a titulo de financiamento do fundo público eleitoral, que daria para construir mais de 60 hospitais ou 500 escolas? Políticos olhando para seu umbigo.

Há inúmeras barbaridades e você, leitor, com certeza tem uma lista bem maior do que essa. O que fazer? A primeira coisa é respeitar o bom nome da democracia e do espírito republicano, deixando os mal-intencionados constrangidos de pronunciá-los. E passar a aplicar na prática e de forma correta, com o sentido da qualidade, todo o dia, estes dois conceitos que são a base sobre a qual vivemos e que devemos fortalecê-la. Somos responsáveis por aquilo que escolhemos como nossa forma de viver. Democracia e espírito republicano, com qualidade!

 

 

*Eduardo Vieira da Costa Guaragna é Engenheiro, Mestre em administração, Diretor do PGQP e Membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ – eduardo.guaragna@yahoo.com.br

Este artigo expressa a opinião dos Autores e não de suas organizações.

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