O “desapego” surge como novo modelo de negócios

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Jairo Martins*

 

Os avanços da tecnologia têm transformado todas as atividades do dia a dia da nossa sociedade, criando novas tendências e abrindo debates sobre temas antes sequer cogitados. É o caso da cultura colaborativa, que hoje ultrapassou a barreira das suposições e já é uma realidade no mercado.

Custou algumas décadas para a sociedade moderna reavaliar o sentido da palavra posse. E só assim foram abertas as portas não apenas para uma modelo de vida colaborativo e com custos mais baixos, mas também para um novo segmento que gira em torno do compartilhamento de ativos de baixa utilização.

O mais importante disso tudo? A ascensão desse mercado de compartilhamento abre espaço principalmente para os empresários de pequenas e médias empresas, capazes de fornecer estrutura para iniciar um negócio em curto prazo, visto que o investimento inicial não chega a ser tão alto. Uma startup que oferece o aluguel de carros, por exemplo, pode começar a atuar no mercado com uma base pequena, a qual vai crescendo conforme aumenta a demanda.

É uma forma de valorizar ativos. Um carro que ficaria inerte na garagem passa a transportar alguém que não teria condições de financiar um veículo próprio ou cuja posse do veículo seria economicamente inviável. Uma casa de campo ou de praia que é usada uma ou duas vezes por mês pode representar renda extra para uma família e hospedagem mais barata para outra. Considerando o tempo como ativo importante, aposentados se colocam à disposição para cuidar de animais domésticos enquanto os seus donos viajam, por meio de plataformas de “pet sitter”.

Existem ainda outros tipos de plataformas colaborativas que não geram necessariamente nichos de mercado ou rotatividade de dinheiro, mas podem ser muito úteis dentro das empresas. O Google oferece, por exemplo, um pacote de ferramentas para produção de textos, planilhas e apresentações on-line, que permite edição simultânea. Ou seja: várias pessoas podem produzir um material ao mesmo tempo.

Com organização, é possível tornar mais prática e ágil a produção e revisão de conteúdo, sem que seja necessário fragmentar arquivos ou esperar que um material passe de mão em mão. Uma boa opção, em tempos onde gestão de tempo, inovação e produtividade, termos repetidos por gestores como um mantra, são essenciais para a rentabilidade de um negócio.

O fato é que nosso modelo de vida mudou, o consumo se transformou e a forma como vivemos e trabalhamos está sendo repensada. Ter a mente aberta às inovações é uma qualidade cada vez mais essencial para os gestores se adaptarem com mais facilidade.

Estamos numa era de disrupção, em que até o desapego está se transformando em negócio sustentável. Afinal, isso é só o começo.

 

*Jairo Martins é presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ).

Este artigo expressa a opinião dos Autores e não de suas organizações.

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